segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Sobre girassóis e a beleza
"Para o júbilo o planeta está imaturo"
Maiakovski
Como julgar a beleza? Como dizer se algo é belo ou não?
Criamos teorias, padrões e modelos para entendê-la, mas creio que esse tema ainda orbita em torno da subjetividade.
Contudo, ao observarmos um girassol qualquer (ou esse da foto), não ousamos dizer que não seja belo. Há algo nele que nos enche os olhos e dizemos: "Sim, é bonito."
Apesar de os grãos centrais da flor seguirem números da sequência de Fibonacci e as espirais formadas serem um produto entre uma volta completa e o complementar da proporção áurea (360º x 0,382... = 137,5º) seria precipitado dizer que a Matemática está por detrás dessa beleza.
Essa constatação somente nos diz que a Natureza se apropriou de uma proporção para criar essa forma.
Se não sabemos ao certo definir o que é beleza, ao menos podemos observá-la. Talvez assim, caminharemos à maturidade a que Maiakovski se referia.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Magritte e a representação numérica
“Isto não é uma maçã” é o nome em português da obra acima de René Magritte. Mas o que vemos é uma maçã. Contudo, não podemos comê-la...
Palavras, objetos e imagens de objetos possuem um espaço indefinível e misterioso, onde há liberdade para identificá-las entre si ou não. Seria isso possível com os números?
60
O que vemos acima é o número sessenta? Os egípcios o representavam como 6 arcos, os babilônios como um triângulo, os maias como 3 pontos sequenciais, os chineses com dois ideogramas e os gregos como a letra ξ. E há sociedades que sequer o representam. Eles possuem representações para 1, 2, 3 e muito...
Cada sociedade representa a mesma quantidade, mas conforme suas necessidades e a realidade da sua cultura.
É como se cada um de nós fosse desenhar uma maçã. Cada maçã seria diferente...
Temos conosco a idéia do que a quantidade relacionada ao 60 significa, mas sua representação decimal como mostrada acima é tão arbitrária quanto a obra de Magritte.
Isto não é uma maçã e isto não é o número 60.
Mas sabemos o que é uma maçã e podemos contá-las até 60!
Para quem ficou interessado, segue uma bibliografia para se consultar:
Magritte – Marcel Paquet – Ed. Paisagem (págs. 9 e 68)
Introdução à História da Matemática – Howard Eves – Editora UNICAMP (págs. 25 - 37)
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